Sem preço

Recebi há pouco uma foto-lembrança de 2004, ano em que comecei a lecionar. Cabelos compridos, calça bag, barba. Inexperiente, sim, encarei duas turmas de cara na UnG. No semestre seguinte, já foram 3. Bons tempos… apesar de toda a turbulência que atravessava no âmbito familiar e pessoal, não me esqueço da experiência de ter lecionado para pessoas como o Jorge (que me enviou a foto), a Leidi, Nessa Punhage, Sandro Marchetti, Sergio Lavor, Daniel, Vagner, Priscila Tim, Victor e tantos outros. É injusto, sim, citar nomes aqui, mas citei aqueles com quem mantive mais contato após a faculdade.

Uma honra ter acompanhado uma parte da formação, não acadêmica, mas de caráter dessas pessoas.

Grande abraço, “crianças”!


junior-2005-02-24

A pior coisa

Andei pensando… sabem qual a pior coisa que pode acontecer? É aquilo que nunca aconteceu. É… pior do que comprar um carro velho, é não ter comprado nenhum. Pior do que ir mal na prova da faculdade, é sequer tê-la feito. Pior do que perder o gol feito é sequer ter entrado em campo. Pior do que amar alguém que não merece, é não ter amado ninguém. Pior do que errar, é nunca ter tentado.

Aprendi isso cedo. Aprendi com minha mãe, quando quis desistir do cursinho preparatório para a Federal. Minha mãe insistiu, insistiu, insistiu, até que voltei. Entrei com ótima colocação. Depois consegui bons empregos, paguei minha faculdade, meu carro, meu apartamento e tudo mais que consegui… porque minha mãe me ensinou a não desistir sem tentar.

E, ao mesmo tempo que aprendi, me parece incompreensível – ou compreensível e inaceitável – quando alguem tem medo de arriscar. Um professor de Direito Internacional, em uma aula de vida – muito mais valiosa que uma aula de faculdade – disse que um cavalo selado não passa duas vezes. E se passar, não é o mesmo. Então, quando tivessemos um pela frente, que montássemos e cavalgássemos. E ele está certo. Acabamos nos arrependendo não das coisas que fizemos, mas das que deixamos de fazer, costumo ouvir de meu velho – que não é velho – pai.

Não quero me arrepender do que não posso mais voltar atrás…


Nessa semana, deixei passar uma oportunidade. E confesso que fiquei com isso na cabeça… mas vou lutar para criar uma ainda melhor, já diria Francis Bacon.

Dedos e dores

Hoje prendi o dedo na porta do carro: eu tranquei e nao podia puxar, pq senao arrancava o dedo. Imagina este ser com a boca aberta sem sair som algum e abrindo a porta na maior “calma” para depois gritar de forma contida (afinal, eram 6 da manhã) e chacoalhar o dedo igual um maluco.

Pois é… comecei bem o dia, na verdade, foi pior que isso, mas deixa pra lá. O que importa é que acabei recebendo, coincidentemente, um texto de Martha Medeiros que começa exatamente assim: “Trancar o dedo numa porta dói.”

Vamos ao texto?


A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Martha Medeiros

Fonte: http://www.pensador.info/autor/Martha_Medeiros/

Como você me dói de vez em quando…

Em homenagem a uma amiga que fez aniversário neste feriado e que deixou saudades, um texto de Caio Fernando de Abreu, autor gaúcho que ela me apresentou.

“…sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando

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