“Dentro de nós há uma coisa sem nome, essa coisa é o que somos”
J. Saramago
Passamos muito tempo de nossa vida – em alguns casos, ela toda – buscando saber quem somos. Perdidos em um mundo de rótulos, ansiamos uma etiqueta que nos diga quem somos, e que diga aos outros quem somos. Muito grande a tentação de nos definirmos. Alguns se definem pela sua profissão – dr. José, prof. João, pr. Malaquias -, outros pelo time que torcem – Manuel Tricolor, Zé Fiel, Tião Verdão – , e alguns ainda em função de características físicas: Carlão, Marquinhos, Carequinha, Bolacha, Zóio, Japa. Muito grande a tentação de nos definirmos.
Mas, a despeito dos rótulos, a pergunta permanece: quem somos nós? Quem sou eu?
E eu respondo com outra questão: isso realmente importa? Buscamos nos definir em redes sociais, em currículos, em descrições de nós mesmos e auto-biografias, mas isso realmente importa? Talvez sejamos pessoas diferentes em cada momento, em cada fase, em cada lugar. Ou talvez sejamos apenas esse ser humano multifacetado. Quem nós somos realmente?
A mim, me importa outra questão: quem eu serei no momento em que precisar ser apenas eu mesmo, diante de quem realmente se importa? Desnudo de todas as máscaras e fantasias, quem eu serei?
*Curti*
E neste momento, também me questiono: “quem eu serei no momento em que precisar ser apenas eu mesmo, diante de quem realmente se importa?”
Penso que não há como prever quem serei, que reações terei, tudo o que pensarei, sentirei e serei após este momento.
Sei que neste exato momento, estou apenas a pensar, imaginar… a sonhar.
Se tivesse a tolice de me perguntar “Quem Sou Eu(?)” certamente cairia estatelada e em cheio no chão.
É que “Quem sou eu?” provoca necessidade.
E como satisfazer a necessidade?
-Quem se indaga é incompleto!
Clarisse Lispector
Pois é, Tati!
Mas você sabe que muitos sofrem essa angústia
Gosto muito mesmo dos textos de Clarice…
porém, com relação a este assunto, penso como Augusto Cury: “Sou um eterno aprendiz que no traçado da história tenta entender quem sou. Sou apenas um caminhante a procura de mim mesmo.”
E como Renato Russo cita em uma de minhas canções preferidas: “Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto.”
That´s it! =)
Eu gosto… na maioria das vezes
1. Apenas você pode existir como você.
Isso é importante.
2. Somos resultado.
Você pode ter o luxo (entenda-se luxo como sabedoria ou força ou coragem ou bênção) de “escolher ser resultado” ou você pode apenas ser o resultado do que a vida impõe (mas ainda assim será você). Eu escolhi (essa escolha se deve à maturidade – que eu acho um luxo também (rsrsrsrs)) ser o resultado de uma diretiva: “Começo o meu dia em paz e termino meu dia em paz”. Serve para quase tudo. Quando eu não consigo “escolher ser”, deixo a vida impor e tenho uma reação. Se a reação der bons resultados, eu agradeço! Se a reação de alguma forma for desastrosa, eu tento me acalmar, tento me recompor e tento fazer o que tem que ser feito: assumir e reparar o meu erro.
3. Às vezes não é bem “o que somos” e sim, o que “temos que ser”. É por isso que eu “tento me acalmar, tento me recompor, tento fazer o que tem que ser feito…”
Helena, por isso escrevi, em 2007, o texto “O Que Somos”