Redunda

A bunda
(Carlos Drummond de Andrade)

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.

Carne de 2ª

A Glau Franchini reproduziu a fala do presidente no lançamento da pré-candidatura da ministra e candidata (entendeu ou quer que desenhe?) sobre o preconceito com a mulher no Brasil.

Não me importo em ser o sexo frágil com uma mulher admirável ao meu lado, mas esse não é o ponto.

A exploração do “coitadismo” que faz Lula é de revirar o estômago. Ele “merece” a presidência pq é trabalhador (é mesmo???)? Ela pq é mulher? Votemos na Marina Silva, então, que é mulher e cabocla. Ou – ainda melhor – votemos na Marisa Letícia, que é mulher e sofredora (essa deve ser mesmo). Além de tudo, ela é o legítimo exemplo de mulher “tratada como se fosse objeto de segunda classe” pelo próprio presidente.
Ou alguém já ouviu a sua voz alguma vez?

Ainda sonho com o dia que sexo, cor, idade, religião ou cor do pelo do suvaco não serão motivo para qualificar alguém como melhor ou pior.

Ô, presidentezinho preconceituoso, sô!

Aborto, suicídio e prostituição

Sei que vou criar algumas animosidades com esse texto e talvez perca alguns seguidores, mas tudo bem. Isso é o resultado da tal “liberdade de expressão”, da qual falarei em outro texto, em outro momento.

Um bebê ou um feto? Tem direitos ou é só... uma coisa?

A questão do Haiti, a despeito da enorme necessidade daquele povo, foi um alívio para a ala mais radical do atual governo. O controverso lançamento do PNDH3 pela Sec. dos Direitos Humanos – com aval da Min. da Casa Civil, Dilma Roussef, e  assinatura do Pres. Luis Inácio – criou uma situação bastante incômoda para a ministra em pleno ano eleitoral. Bem, há ao menos  4 pontos bastante problemáticos – controle de mídias (leia “censura”); fim da propriedade privada (leia “comunismo”); a tal “Comissão da Verdade”, sobre uma revisitação ao período da tortura militar, mas deixando de lado o terrorismo de certos grupos armados de esquerda; e a questão do aborto, que tratarei nesse post.

Há uma variedade de questões que desembocam nesse tema:  cultural, social, religioso, saúde pública, biologia, direito sobre o próprio corpo, economia e uma série de outros aspectos. Não vou tratar de todos. É clara minha posição religiosa, cultural e social, por exemplo. Mas o ponto hoje é outro: direitos, já que a questão foi levantada pelo Plano Nacional de Direitos Humanos.

O principal argumento – no campo dos direitos humanos – que se faz é o fato de a mulher ter direito sobre o próprio corpo. Tem razão de ser? Sem dúvida! Mas a questão – por uma razão biológica, principalmente – não é tão simples. O primeiro argumento que ataca essa questão é justamente o paradoxo em si mesmo que esse argumento possui: se a mulher tem direito sobre o próprio corpo, teria o feto o mesmo direito? E essa briga vai longe: ninguém consegue precisar onde começa a vida de fato e, portanto, a partir de que ponto esse bebê teria “direitos”. Assume-se, então, para alguns, que o feto é “parte” do corpo da mulher. Ou então não é nada. Eu disse que não entrarei nos aspectos morais, religiosos, éticos, culturais ou sociais, então ficarei no ponto dos direitos.

Há, então, alguns desdobramentos do mesmo argumento que gostaria de tratar aqui, sem entrar no direito do feto, tão controverso. Há uma questão pouco abordada, que é o direito do homem. Exatamente, do homem! Nenhuma mulher consegue fazer um filho sozinha. Mesmo para a proveta, é necessário um homem, ainda que anônimo. Se uma mulher, então, por ter um feto dentro de si poderia ter direito sobre ele, que se dirá do homem que participou da concepção? Eu sei que o tema parece ridículo, mas é real: por que a mulher tem direito sobre o bebê e o homem não? Gostaria de ouvir o que pensam sobre esse aspecto e, se possível, a opinião de juristas sobre o assunto.

“Mas eu posso tirar o feto do meu corpo se eu quiser”, dirão alguns (ou algumas). Sem dúvida! Concordo com isso. E também concordo que se faça isso sem danificar ou matar o bebê. Tem como? Não sei. Eu não vou entrar no aspecto religioso e civil para saber quando a vida começa, mas se alguém tem dentro de si algo que pertence a outra pessoa também, há que se levar em conta essa outra pessoa, não?

Muita polêmica até agora, mas meu ponto ainda é outro. Fossem todos os pontos anteriores resolvidos, sobre uma questão de igualdade. Se a mulher tem direito sobre o próprio corpo – a ponto de decidir realizar um aborto, não poderia também decidir cometer um suicídio assistido num hospital? E quanto à prostituição, crime no Brasil, não deveria então ser uma questão de “direito sobre o próprio corpo”? E nem vou entrar no aspecto das drogas, já que esses podem ter efeitos sobre o corpo de outras pessoas, mas a questão não é mais ampla do que faz parecer a questão do aborto? E, se a mulher tem esse direito, por que não os homens também? E não me venham com o papo de “Na Holanda isso e aquilo…”, pois vivemos no Brasil, outro país, outra cultura, outro esquema.

Tenho outros argumentos ainda, mas gostaria de ouvir a opinião de vocês antes de falar algo mais. Que pensam sobre o assunto?



Imagem do blog A Romancista

Uma vida com propósitos

Frase que recebi do amigo Chris Putter, da África do Sul.

Desesperança

Don't give up

“Just when you feel like quitting, remember why you held on for so long. ”

“Quando você estiver prestes a desistir, lembre-se por quê suportou por tanto tempo.”


Imagem do blog de gaD’space

(con)Fuso?

No começo deste mês, a vice-presidente da Google, Maryssa Mayer, disse que o “fuso horário” salvou o Orkut no Brasil e na Índia. Apesar da discrepância de fusos nos dois países, ela acredita que usuários desses acessavam em horários alternativos ao dos EUA, de forma que pegavam os servidores mais vazios.

Eu me recordo do começo do Orkut. Não… ele travava em qualquer horário. Era uma lástima. Não foi isso que salvou o Orkut. Aliás, há quase dois anos, Tiago Luchini já explicava o sucesso do Orkut no país, a despeito do próprio Google desconhecer a razão do sucesso.peito_franga

Por fim, uma última ressalva: a vice do Google acha que os brasileiros são estúpidos?? Ela diz que nós, brazucas, achamos que o Orkut é dono do Google. Faz favor, né? Além de desconhecer totalmente as razões do sucesso do seu próprio produto, ainda insulta o consumidor. É um total desconhecimento de mercado… a Google perdeu pontinhos no meu caderninho com essa.