Sobre ter fé e acreditar

Quantas vezes li Pedro negando Jesus e fiquei atônito com a atitude? Quantas vezes ouvi, sem compreender, pregações sobre as lamentações e falta de fé do povo ao sair do Egito, mesmo depois de tantos milagres?
Como poderiam simplesmente ignorar os milagres e maravilhas na primeira dificuldade? Por que não confiaram??
E aí você passa por isso. Você vê maravilhas e milagres. Você vê o que era impossível. E então, chega o mar. Chega a tormenta. E qual a primeira reação? Reclamar. Desesperar. Duvidar.
E a despeito do maná, a despeito dos milagres, a despeito de todo cuidado, a primeira coisa que fazemos quando tudo parece desmoronar, quando o barco chacoalha com as ondas, quando chega o deserto é reclamar, duvidar.
E eu sou tão culpado quanto Pedro. Quanto as pessoas no deserto.

Hoje olho para eles e não vejo covardes e descrentes. Vejo pessoas. Desesperadas, sofrendo, pessoas. E, sim, pessoas que deveriam confiar, acreditar, lembrar das bênçãos, dos milagres, mas que, no olho do furacão, se desesperaram. Pessoas como eu. Talvez até como você, não sei. Mas certamente como eu.

E, nessa hora, no olho do furacão, dentro da tempestade ou no meio do deserto, é a hora para crer, certo? Mas, talvez, seja a hora de se ajoelhar, mesmo duvidando, mesmo desesperado, talvez seja isso o mais importante: estar aos pés daquele que pode acalmar a tempestade ou fazer cair codornas no meio do deserto. Ou maná. Ou água da pedra. Ou qualquer outra forma que ele use para cuidar de nós. Não importa o que ele fará, quando fará, como fará. Mas importa, isso sim, estar lá, aos seus pés, aos seus cuidados.
Talvez, ao fim e ao cabo, com tormenta ou sem tormenta, sem deserto nem um mar para atravessar, o que importa é estar aos pés dele: Jesus.

Que eu esteja.

Diário de Viagem 2012 – Brasileiros

Ontem, enquanto assistíamos ao jogo Alemanha e Itália numa lanchonete no centro de Frankfurt (e, incrivelmente, a Alemanha perdeu, mantendo um tabu), conhecemos o Igor, um paraense que está há dois anos em Frankfurt, estudando e trabalhando como garçom.

Antes de mais nada: não somos chineses, mas estamos no mundo inteiro 😛

Mas, por que citei o Igor? Só mais uma prova da diferença de estrutura. Igor nos contou que, há alguns meses, foi para o Brasil passar um tempo com a família e teve uma infecção que demandou cuidados médicos. Sem plano de saúde (já que não mora lá), acabou sendo tratado no serviço público: injeção de pé, mal tratamento. Seu comentário resume muito do que penso: nós, brasileiros, gastamos muito com coisas que deveriam funcionar mas não funcionam (serviços de saúde, infraestrutura de transporte).

Na prática, jogamos nosso dinheiro no ralo…e, no Brasil, ele sempre entope.

Always welcome Home, House

O amigo ama em todo o tempo; e para a angústia nasce o irmão.
Provérbios 17:17


Nessa semana a Universal Channel apresentou o último episódio da série House (ao menos em terras tupiniquins, já que estávamos com 4 semanas de defasagem em relação ao original nos EUA).
Que sou mega fã da série, não é segredo. Que me identifico (muito), não é surpresa. Junto com 24 Horas, foi a série que acompanhei inteira: em ambas, chegava da aula correndo (às terças, na primeira; às quintas na segunda) para assistir.

Também tenho uma teoria sobre a bondade de House há alguns anos, mas falo disso em outro post, outra hora. Agora, o último episódio.

Num primeiro momento, decepção, conforme relatei no Twitter ontem:

Ok, o último episódio de #House não ficou a altura da série: começou bem, perdeu fôlego e terminou…so, so…
Mas, valeu, Hugh Laurie! Trouxe a vida um dos mais complexos, integrantes e divertidos personagens.

Uma série para lembrar.

Hoje, porém, acordei pensando nisso (sim, fã tem dessas coisas) e cheguei à conclusão que aquilo que parecia “simples demais” era, na verdade, a resposta mais direta e reta, mais irônica e sagaz, ao melhor estilo House de ser

Acordei pensando exatamente isso: ele foi egoísta ao extremo por oito anos. Quando foi sua vez de ser altruísta, foi o mais extremo possível também: deu sua vida pelo amigo. Ao extremo.

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House

Ele ferrou com seu próprio futuro, com seus relacionamentos, abriu mão de seus enigmas (sua verdadeira paixão), sua identidade, para retribuir – da forma mais intensa possível – uma amizade verdadeira. Sem ressalvas, sem condições. Foi além do tradicional “dar a vida” que falamos significando “morrer por”. Ele realmente “deu” a vida “ao” amigo (e não “pelo” amigo).

E quando Wilson o questiona, dizendo que ele nunca mais poderá voltar a ser quem era, a resposta é um sonoro (na prática) “sem sua amizade, eu não seria mesmo”:

“Como você quer passar seus últimos cinco meses?” (House)

Aquela coisa sem nome

“Dentro de nós há uma coisa sem nome, essa coisa é o que somos
J. Saramago


Passamos muito tempo de nossa vida – em alguns casos, ela toda – buscando saber quem somos. Perdidos em um mundo de rótulos, ansiamos uma etiqueta que nos diga quem somos, e que diga aos outros quem somos. Muito grande a tentação de nos definirmos. Alguns se definem pela sua profissão – dr. José, prof. João, pr. Malaquias -, outros pelo time que torcem – Manuel Tricolor, Zé Fiel, Tião Verdão – , e alguns ainda em função de características físicas: Carlão, Marquinhos, Carequinha, Bolacha, Zóio, Japa. Muito grande a tentação de nos definirmos.

Mas, a despeito dos rótulos, a pergunta permanece: quem somos nós? Quem sou eu?

E eu respondo com outra questão: isso realmente importa? Buscamos nos definir em redes sociais, em currículos, em descrições de nós mesmos e auto-biografias, mas isso realmente importa? Talvez sejamos pessoas diferentes em cada momento, em cada fase, em cada lugar. Ou talvez sejamos apenas esse ser humano multifacetado. Quem nós somos realmente?

A mim, me importa outra questão: quem eu serei no momento em que precisar ser apenas eu mesmo, diante de quem realmente se importa? Desnudo de todas as máscaras e fantasias, quem eu serei?

Mural das Lamentações

Há uma espécie de prazer na lamentação, e maior do que aquilo que se pensa.
Marie Sévigné


Em épocas de microposts (leia Twitter) e redes sociais, todo mundo é um pouco poeta. E como todo bom poeta, todo mundo é um pouco sofredor. Nada demais, na verdade. Nada que não seja a vida cotidiana, o dia a dia, aquela lamentaçãozinha básica na fila do caixa do supermercado reclamando da demora, do tempo, do preço do detergente líquido.

ETZEV SHEL ISRAEL

O que tem me incomodado bastante, porém, é a adoração pública dedicada a esse tipo de prática. No Twitter, Facebook, Orkut, na tagline do MSN, muitas pessoas tem dedicado suas línguas – ou dedinhos, nesse caso – a externalizar a dor. Não obstante a dor, mas o sofrimento e, principalmente, a lamentação. Coisas dóem, mas ninguém quer ouvir um discurso quando leh cumprimenta com um frio e distante “bom dia”. Pessoas transformam o Mural do Facebook ou a timeline do Twitter em Muro das Lamentações e ficam batendo suas cabeças na mesma dor durante dias, semanas, esperando que ela pare de doer. Não vai parar.

Essa cultuação pública do sofrimento, infelizmente, não é uma causa, mas um sintoma. Uma sociedade doente, sente dores e isso não é novidade. A raiz, porém, está no culto à dor como forma de tentar superá-la (e, sim, eu acredito na sinceridade das pessoas que tentam superar a dor). Acaba-se por criar, nesses casos, uma situação de busca de necessidade e atenção: grande parte desses lamentos são “dirigidos” a uma ou outra pessoa, uma forma de tentar atingí-la com a própria dor. Isso funciona? Não acredito.

Lamentar algo que aconteceu, ainda que nas redes sociais virtuais, é natural, é normal, é compreensível. Vez ou outra, entre júbilos, conquistas, derrotas e marteladas no dedão, externamos sentimentos os mais variados e, inclusive, lamentações. Transformar o sofrimento na sua única faceta visível é triste, aumenta a dor… e é chato pra caramba.

O mundo inteiro não precisa saber da dor crônica que sentimos ao acordar. Ainda que esta seja no coração. Para esses casos, o ombro de um amigo é um remédio muito mais eficaz.


Lamentos são um desperdício de tempo. Eles são o passad minando o presente.
Katherine – Fala do filme Sob o Sol da Toscana

Os números de 2010

Os duendes das estatísticas do WordPress.com analisaram o desempenho deste blog em 2010 e apresentam-lhe aqui um resumo de alto nível da saúde do seu blog:

Healthy blog!

O Blog-Health-o-Meter™ indica: Uau.

Números apetitosos

Imagem de destaque

Cerca de 3 milhões de pessoas visitam o Taj Mahal todos os anos. Este blog foi visitado cerca de 31,000 vezes em 2010. Se este blog fosse o Taj Mahal, eram precisos 4 dias para que essas pessoas o visitassem.

 

Em 2010, escreveu 66 novo artigo, aumentando o arquivo total do seu blog para 566 artigos. Fez upload de 186 imagens, ocupando um total de 239mb. Isso equivale a cerca de 4 imagens por semana.

The busiest day of the year was 11 de novembro with 285 views. The most popular post that day was Para desabafar.

De onde vieram?

Os sites que mais tráfego lhe enviaram em 2010 foram twitter.com, facebook.com, pt-br.wordpress.com, google.com.br e search.conduit.com

Alguns visitantes vieram dos motores de busca, sobretudo por jesus, cobra, feto, estrelas e photoshop virtual

Atracções em 2010

Estes são os artigos e páginas mais visitados em 2010.

1

Para desabafar novembro, 2010
14 comentários

2

Amor e Respeito junho, 2007
35 comentários

3

Crianças e sexo na Noruega setembro, 2007
16 comentários

4

Oh, Captain, my Captain novembro, 2007
13 comentários

5

A morte do Jesus dezembro, 2008
5 comentários

Futuro do pretérito

“O futuro é uma ressignificação do passado”

Foi com essa frase que abri uma breve conversa no Facebook nesses dias. 7 “curtir” depois, achei que seria legal explicar aqui.

Estudo sensemaking e storytelling. Me apaixonei por esses temas (por indicação de meu orientador e amigo, Mário Aquino) e venho trabalhando isso desde 2007. Bem, são assuntos que também podem ser explorados fora do ambiente organizacional. Aliás, para ser mais exato, ambos os temas nascem fora desse ambiente, vêm da vida real. E aí nasce, também, a frase que postei.

Futuro do pretérito

Quem me acompanha neste espaço sabe que há dois temas que me interessam muito aqui: política e relacionamentos. Este segundo me interessa por curiosidade, sou um curioso do que é humano. É intrigante e assustador tentar entender o ser humano, seus pensamentos, sentimentos. E, penso, que é também impossível qualquer generalização.

Prólogo feito, o que disse – de fato – com aquela frase? Sempre digo que somos a nossa história, o que vivemos, passamos, forma o que somos hoje. E o que vivemos hoje, nos transformará no que seremos amanhã. O que seremos amanhã é a reinterpretação do que somos hoje, com novos olhos, com velhos olhos.

O que somos, o que fomos, o que seremos são apenas a mesma coisa que somos hoje, um dia a mais, um dia apenas.

Apenas o que somos.